quinta-feira, 7 de julho de 2011

Lágrimas, Risos, Saudades e Amor...

Sábado, meu pai e meu irmão levaram minha tia (que também é minha madrinha) ao hospital, pois ela não estava bem. Até domingo, sua situação piorou, meu pai e eu tivemos de transferí-la de hospital, para fazer um exame. Quando a vi na ambulancia, seu rostinho e olhos já estavam com aspecto meio assustado, e reclamava da dor, eu a acompanhei na ambulância, chegando no hospital de destino, assinei a documentação de internação. Voltei para a sala do exame, ela chorava igual uma criança e meu coração doeu muito... Instantes depois, já na UTI, o médico vinha dar os resultados que já não eram promissores... Nós nos despedimos da Tia Ercília, em meio aos infermeiros que preparavam o soro e medicamentos intravenosos para a dor... Essa foi a última vez que a vi respirando e até agora lembro da forma que ela me olhava, naquela hora me despedi dela e disse que ficasse com Deus e que melhorasse... Lembro que momentos antes do exame ser feito, brinquei com ela: caramba, tia, a festa de sexta-feira foi boa ein, o que foi que a senhora comeu pra estar ruim do estômago... ela riu e eu ri de volta...

Pensamentos e lembranças vão e vem em minha mente, sem ordem muito lógica ou cronológica, desde ontem de manhã. Durante o velório e o enterro, familiares chegando em luto, lamentando pela excelente pessoa que se fora. Mas naquele lugar frio e fúnebre, não foram só lágrimas que ficaram, risos e saudades também, lembranças e histórias contadas pelos presentes, histórias em ríamos e choravamos alegremente. Em minha mente rolavam imagens e sequências de quando eu era criança - em geral, presentes: vó Nair e vô Antonio, tia Ercília e tio Quito... tantos momentos bons, aniversários, encontros e festividades... as coisas que eu aprontava com eles quando criança... Infelizmente, muitos detalhes perdidos pela minha fraca memória, mas lembro-me também dos aromas dos meu avós e tios e de suas casas... Cada detalhe que lembro, me faz derramar lágrimas enquanto escrevo...

Saudades ficaram, eles se foram, mas fico feliz por eles poderem se encontrar num lugar mais bonito e feliz, com certeza lá se reuniram para receber a última das irmãs que ficara. Com certeza, ela deve ter dito alguma besteira e minha avó deve ter lhe chamado a atenção rsrs...

Antes de fechar o caixão, o violinista tocou duas canções, a Nona Sinfonia de Beethoven, bela música, e Como é grande o meu Amor por você, uma música simples mas que fez verter lágrimas, enquanto que a letra da canção passava pelas nossas cabeças de forma invisível, mas com efeito bem aparente... Meu pai, filho de criação da Tia, quase não se aguentou nos momentos antes de fechar o caixão, afinal seria essa a última vez que veríamos o seu doce e sempre feliz semblante... A procissão solene seguiu até onde seria depositado o caixão... e sobre ele, pétalas de rosa foram jogadas... Embora estivéssemos dando as costas a sepultura de nossa ente querida, carregamos conosco o melhor dela, as lembranças e coisas que com ela aprendemos...