quinta-feira, 11 de junho de 2009

Transcrição de minha mente...

Meu corpo está dormente, meus olhos sonolentos... a noite cai junto com as areias do tempo... a lua brilha cada vez mais ofuscando meus olhos e reavivando minhas memórias... lembro-me de meu avô, fumando seu velho cachimbo e dando baforadas de fumaça que pareciam tomar vida, aquelas formas dançantes iam de encontro ao horizonte sobre o negro mar que refletia a luz do luar até que repentinamente se desfaziam no ar, ou até que nós as perdíamos de vista...

Meus pés e braços... sinto-os frios... a sensação de frio me consome aos poucos... assim como minhas orelhas e face... Não sinto mais nada ao meu redor, é como seu eu estivesse me tornando mais uma rocha em meio a floresta. A noite fria me consome como se fosse a extensão dos braços da morte... O ferimento em meu peito ainda sangra, estou deitado sobre a poça formada por meu sangue, minha consciência se distancia mais e mais de meu corpo...

Mas de onde vem essa luz? Sinto sua presença, uma aura terna e quente que me envolve, salvando-me da escuridão. Com sua face, alva e brilhante, fitava-me, sua mão quente tocou meu peito, seus lábios se moviam mas não consegui entender nem ouvir o que dizia. Senti-me encher de vida e então perdi a consciência, perdi a noção do tempo e do espaço. Simplesmente, vi-me de pé, caminhando sobre um mar prateado, mal podia ver seu fim, eu estava sob um céu todo negro. Apesar da paisagem fria e morta, não sentia mais frio nem como se estivesse consumido pelas trevas, pelo contrario me sentia revitalizado, como se houvesse algo forte e puro dentro de mim. Resolvi então caminhar e tentar encontrar algo.

Caminhava e caminhava, mas sentia o horizonte fugindo de mim, a paisagem se mantinha imutável independente de quanto andasse. Não me senti cansado, nem com sede, nem com fome, como se o tempo não passasse e espaço não mudasse, tudo inerte e imutável, infinito, grandioso, será que estou morto... Parei, sentei-me e fiquei olhando a paisagem enquanto pensava sobre o que ocorreu e o que estava ocorrendo.

Sinto uma sensação estranha dentro de mim, não sei como descrever mas está crescendo, conforme cresce essa sensação, sinto um calor crescendo transpassando minha alma e meu ser. Sinto uma aura crescer ao meu redor e aos poucos tornando-se visível me consumindo por completo... O sentimento de perda agora me aflige e sinto aquela presença terna e quente me deixar. A aura me deixou, perdi o brilho, voltei a ser o que era... um simples homem.

A aura a alguns passos de distancia, foi tomando mando forma e consistência, inicialmente era semitransparente e agora quase não se pode ver o horizonte através dela. Uma forma humana foi assumindo, mas bela, cintilante, pura e terna - começo a me perguntar se não é um anjo... da morte... lembrei-me dela, estava presente em meu leito de morte quando perdi a consciência... e então tudo fez sentido, estava de joelhos no inferno reservado a mim, águas de marfim em contraste com o negro céu, de repente, presentes para um indigno rei...

Continua...